Por Rodolfo Costa
Brasília
Preocupados em montar alianças fortes nos estados, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm enfrentado uma dificuldade extra: a oferta de palanques duplos.
A presença de dois aliados disputando um mesmo cargo majoritário cria uma saia justa para os presidenciáveis, que não podem declarar preferência abertamente, sob risco de melindrar um ou outro apoiador.
Só na base de Bolsonaro, a disputa entre aliados nos estados acontece no Distrito Federal e em outros nove estados, com destaques para Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Rondônia. Na maioria dos casos, o nó político envolve pré-candidaturas associadas ao eleitorado "raiz" e conservador do presidente contra outras com maior alinhamento ao centro político.
É o que está acontecendo no Distrito Federal. A ex-ministra Damares Alves (Republicanos) se lançou pré-candidata ao Senado, mesmo cargo cobiçado pela deputada federal Flávia Arruda (PL-DF), ex-ministra da Secretaria de Governo. Ambas apoiam o presidente Bolsonaro e não abrem mão de concorrer ao posto de senadora.
O ex-presidente Lula também lida com a mesma dificuldade em diferentes estados. Está em curso a formação de palanques duplos em Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e São Paulo, onde também há quadros mais ideológicos e outros mais à centro-esquerda.
As "bolas divididas" nos estados entre aliados de Bolsonaro e Lula não trazem ônus eleitorais às pré-candidaturas de ambos. Análises feitas na base governista e na oposição apontam que ambas as campanhas não sofrem impactos diretos na corrida eleitoral, sobretudo por estarem turbinadas pela polarização.
A lógica partidária é de que, quanto mais palanques, mais votos um presidenciável pode obter. Porém, efeitos colaterais políticos podem vir à tona em 2023.
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